1 - O surgimento das cidades e as classes sociais
Desde o aparecimento das primeiras civilizações no planeta, a humanidade se constituiu e se dividiu em grupos. Esses primeiros grupos começaram a interagir entre si, trocando conhecimentos e iniciando assim a gradativa ocupação do globo terrestre. Independente da singularidade característica de cada civilização, um ponto comum, entre todas elas pode ser notadamente observado desde o início da “História” (aparecimento da escrita – fim da “Pré-História”!), até os dias de hoje: o fato de o espaço habitável, o ambiente físico de vivência desses grupos ser a cidade. E uma característica se mostra comum a todas elas: a divisão da sociedade em classes sociais. Essa divisão ocorreu a partir do instante em que se tornam mais complexas as relações do comércio, administração de negócios e a escrita. Surgiu a servidão e o escravismo. Enquanto as classes “inferiores” se dedicavam ao trabalho, as classes abastadas se dedicavam à administração e ao controle do trabalho e das tradições religiosas e morais. Por séculos, a divisão das sociedades em classes configurou, dentro da especificidade de cada cultura, o desenho das cidades. A elite gozava do privilégio de usufruir as melhores áreas, enquanto que a fatia pobre da população contentava-se em dividir o restante d espaço urbano, mesmo que este não oferecesse condições favoráveis de habitabilidade.
2 - O Ideário Capitalista e a divisão de classes nas cidades brasileiras
No início do século XX, com a Revolução Industrial, um novo modelo de gestão para as cidades foi efetivamente consolidado e perdura até os dias de hoje. A cidade como centro financeiro. A partir da década de 1980, o modelo de cidade como centro financeiro é explicitado ao passo que esta é preparada e planejada para gerar lucros para um grupo específico, o ideário capitalista. Nos países de Terceiro Mundo, a idéia de cidade como centro financeiro-econômico está gerando graves problemas para a maioria da população, excluída dos interesses e decisões da elite liberal. Refletindo a situação, do ponto de vista arquitetônico e urbanistico, temos o seguinte quadro: as áreas integrantes da “cidade formal” possuem planejamento e infra-estrutura urbana, conjuntos habitacionais de alto padrão, parques e áreas verdes, com todos os equipamentos urbanos necessários para satisfazer o bem-estar da elite-minoria.
Em contrapartida, a maioria da população, pobres e miseráveis, sofrem com as mais variadas formas de carências. Por não ser capaz de suportar a pressão de grupos imobiliários altamente especulativos, a população pobre migra para a periferia, para áreas sem valor imobiliário. Essas áreas não têm valor comercial, justamente por não possuírem planejamento e infra-estrutura urbana, não são atendidas pelos serviços de saneamento básico de água e esgoto, bem como são carentes de um sistema viário e transporte público decentes. A enorme diferença existente entre os centro “formal” e a periferia “informal” é acentuada pelo fato de que quase sempre os interesses dos administradores públicos se misturam com os interesses do capital. Essa condição nos remete à memória a cidade feudal, mas ao invés de termos nas cidades uma barreira física (o muro), enfrentamos outro tipo de barreira segregadora: a barreira econômica. Hoje os excluídos são aqueles que não conseguem transpor o muro da especulação imobiliária, da omissão dos nossos governantes e dos interesses da elite.
3 - A Arquitetura e o Urbanismo como ferramenta de igualdade social
Pensar arquitetura e planejamento urbano para todos, ultrapassa as atribuições profissionais técnicas do arquiteto-urbanista, esse pensar depende também de atuação política. Precisamos pensar como iremos atravessar esse muro. Essa transposição terá que ser coletiva, pois ela só se fará realmente, unindo toda a sociedade em um mesmo lado, e isso dependerá basicamente de três fatores: O primeiro é a preservação da história como memória, para lembrarmos das lutas e conquistas das classes menos favorecidas e transformá-las em consciência de que é preciso mudar o modelo atual de exclusão social. O segundo fator é a erradicação da pobreza material e intelectual pela qual padece grande parte da população. Material no âmbito de uma justa distribuição de renda e conseqüente inclusão social, e intelectual no âmbito da educação e cultura que os libertará de qualquer grande formador de opinião e nos possibilitará a crítica análise do que está ao nosso redor. E o terceiro é o entendimento que precisamos, cada vez mais de um mundo saudável e sustentável economicamente, sabendo que a economia é um meio e não o fim; político e socialmente, com a ciência de nossos direitos e deveres enquanto cidadãos; e ambientalmente, responsável por nos possibilitar viver em um mundo com rios e mares despoluídos, com grandes áreas verdes e reservas ecológicas protegidas, com o correto manuseio e controle do lixo e resíduos orgânicos. Somente associando esses três fatores, poderemos pensar em construir e desenvolver cidades dignas e justas para todos.
Desde o aparecimento das primeiras civilizações no planeta, a humanidade se constituiu e se dividiu em grupos. Esses primeiros grupos começaram a interagir entre si, trocando conhecimentos e iniciando assim a gradativa ocupação do globo terrestre. Independente da singularidade característica de cada civilização, um ponto comum, entre todas elas pode ser notadamente observado desde o início da “História” (aparecimento da escrita – fim da “Pré-História”!), até os dias de hoje: o fato de o espaço habitável, o ambiente físico de vivência desses grupos ser a cidade. E uma característica se mostra comum a todas elas: a divisão da sociedade em classes sociais. Essa divisão ocorreu a partir do instante em que se tornam mais complexas as relações do comércio, administração de negócios e a escrita. Surgiu a servidão e o escravismo. Enquanto as classes “inferiores” se dedicavam ao trabalho, as classes abastadas se dedicavam à administração e ao controle do trabalho e das tradições religiosas e morais. Por séculos, a divisão das sociedades em classes configurou, dentro da especificidade de cada cultura, o desenho das cidades. A elite gozava do privilégio de usufruir as melhores áreas, enquanto que a fatia pobre da população contentava-se em dividir o restante d espaço urbano, mesmo que este não oferecesse condições favoráveis de habitabilidade.
2 - O Ideário Capitalista e a divisão de classes nas cidades brasileiras
No início do século XX, com a Revolução Industrial, um novo modelo de gestão para as cidades foi efetivamente consolidado e perdura até os dias de hoje. A cidade como centro financeiro. A partir da década de 1980, o modelo de cidade como centro financeiro é explicitado ao passo que esta é preparada e planejada para gerar lucros para um grupo específico, o ideário capitalista. Nos países de Terceiro Mundo, a idéia de cidade como centro financeiro-econômico está gerando graves problemas para a maioria da população, excluída dos interesses e decisões da elite liberal. Refletindo a situação, do ponto de vista arquitetônico e urbanistico, temos o seguinte quadro: as áreas integrantes da “cidade formal” possuem planejamento e infra-estrutura urbana, conjuntos habitacionais de alto padrão, parques e áreas verdes, com todos os equipamentos urbanos necessários para satisfazer o bem-estar da elite-minoria.
Em contrapartida, a maioria da população, pobres e miseráveis, sofrem com as mais variadas formas de carências. Por não ser capaz de suportar a pressão de grupos imobiliários altamente especulativos, a população pobre migra para a periferia, para áreas sem valor imobiliário. Essas áreas não têm valor comercial, justamente por não possuírem planejamento e infra-estrutura urbana, não são atendidas pelos serviços de saneamento básico de água e esgoto, bem como são carentes de um sistema viário e transporte público decentes. A enorme diferença existente entre os centro “formal” e a periferia “informal” é acentuada pelo fato de que quase sempre os interesses dos administradores públicos se misturam com os interesses do capital. Essa condição nos remete à memória a cidade feudal, mas ao invés de termos nas cidades uma barreira física (o muro), enfrentamos outro tipo de barreira segregadora: a barreira econômica. Hoje os excluídos são aqueles que não conseguem transpor o muro da especulação imobiliária, da omissão dos nossos governantes e dos interesses da elite.
3 - A Arquitetura e o Urbanismo como ferramenta de igualdade social
Pensar arquitetura e planejamento urbano para todos, ultrapassa as atribuições profissionais técnicas do arquiteto-urbanista, esse pensar depende também de atuação política. Precisamos pensar como iremos atravessar esse muro. Essa transposição terá que ser coletiva, pois ela só se fará realmente, unindo toda a sociedade em um mesmo lado, e isso dependerá basicamente de três fatores: O primeiro é a preservação da história como memória, para lembrarmos das lutas e conquistas das classes menos favorecidas e transformá-las em consciência de que é preciso mudar o modelo atual de exclusão social. O segundo fator é a erradicação da pobreza material e intelectual pela qual padece grande parte da população. Material no âmbito de uma justa distribuição de renda e conseqüente inclusão social, e intelectual no âmbito da educação e cultura que os libertará de qualquer grande formador de opinião e nos possibilitará a crítica análise do que está ao nosso redor. E o terceiro é o entendimento que precisamos, cada vez mais de um mundo saudável e sustentável economicamente, sabendo que a economia é um meio e não o fim; político e socialmente, com a ciência de nossos direitos e deveres enquanto cidadãos; e ambientalmente, responsável por nos possibilitar viver em um mundo com rios e mares despoluídos, com grandes áreas verdes e reservas ecológicas protegidas, com o correto manuseio e controle do lixo e resíduos orgânicos. Somente associando esses três fatores, poderemos pensar em construir e desenvolver cidades dignas e justas para todos.
Texto elaborado em 29 de janeiro de 2006